Bethânia e Chico, em apresentação, creio que nos anos 90. Leia mais clicando aqui.

(a letra aqui)

Eu sempre fico um pouco decepcionado, quando nossa geração acessa 700 mil vezes um vídeo qualquer, sem qualquer coisa que valha a pena, e essa obra de arte tem 3.946 visitas. Talvez uma esperança perdida, de uma época que valia a pena sonhar e questionar?

Antes de ser acusado de saudosista - afinal, em 1967, quando a música foi feita, eu não estava nem perto de estar a caminho! -, destaco um trecho muito bom, rico, cheio de poesia e sentimento. E de realidade também, nesse sentido perdido de realidade que usam atualmente.

"(...) Eu quero te mostrar
As marcas que ganhei
Nas lutas contra o rei
Nas discussões com Deus
E agora que cheguei
Eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
Dos carinhos teus"

Sem fantasia, de Chico Buarque, em 1967, para a peça Roda Viva. A versão mais famosa com a Bethânia é de uma apresentação no Canecão, em 1975.

Quanto ao papel do texto na obra do autor, é válido afirmar que, apesar de, num primeiro momento após a explosão de Roda viva, Chico Buarque assumir a ruptura com o lirismo do compositor de "A banda", não se pode negar a forma como esse mesmo lirismo contamina determinadas passagens da peça. A inserção da canção "Sem fantasia", tema de amor de Benedito e Juliana, denota exatamente esse fato. Até a tomada de consciência de Benedito Silva, o momento em que se denunciam os efeitos da roda viva sobre o que resta de um indivíduo transformado em ídolo, é um momento em que a agressividade e o distanciamento cedem ao lirismo (...) [leia aqui]

O ano de 1968, disso não há dúvida, foi aquele em que o bom moço de olhos verdes deixou de ser "a unanimidade nacional". Ele próprio se encarregou de dinamitar o incômodo rótulo da unanimidade ao escrever, em 1967, a peça Roda viva, sobre um artista popular triturado pelos mecanismos do show biz. As cinqüenta laudas do texto forma produzidas em 25 dias, e a montagem confiada ao diretor José Celso Martinez Corrêa, com quem Chico já havia trabalhado: em 1966, fez uma canção para a peça 'Os inimigos', de Máximo Gorki, que depois recebeu letra e se chamou 'Acalanto'. As músicas da peça eram 'Roda viva' e 'Sem fantasia' (...) [lê o resto, do Humberto Werneck, aqui]

Para os meus colegas de Colégio Cruzeiro, uma surpresa: uma versão em alemão! Quem poderia querer mais? Para ler clica aqui: Ohne Fantasien (traduzida por Karin von Schweder-Schreiner, há outras aqui).

E finalizo com um trecho que já tinha destacado aqui, ótimo. Como comentei, o Caetano tá a cara da Bethânia. Repara só! ;)



(Texto de Gustavo Barreto, da redação)
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