Jornalismo Econômico e a Economia Real

Se tudo isso que pregam os neoclássicos fosse verdade não estaríamos vivendo numa crise e à beira de uma recessão mundial. O mundo seria perfeito, às mil maravilhas... Quanto à crise em si: O mundo não vai acabar! Por Thiago Santos Silva, clique aqui para ler.

Ao assistir qualquer noticiário da televisão ou rádio nesses últimos meses, um tema tem se destacado em importância no que é noticiado: a crise econômica sem precedentes que estamos vivendo! Não quero falar sobre a crise em si, mas como ela está sendo tratada, noticiada e vista pelos nossos jornalistas.

Primeiramente gostaria de esclarecer alguns conceitos e correntes econômicas que existem, apesar de a nossa imprensa só dar ouvidos a uma única forma e corrente de pensamento, que é a Neoclássica.

A corrente Neoclássica é a base teórica da economia da maioria dos países e é também o que potencializou essa crise. Seus preceitos básicos confundem-se com os preceitos do neoliberalismo político, ou seja, é a vertente econômica do neoliberalismo. Seus defensores apóiam o Estado minimalista, não intervencionista onde os governos só existem para estar a serviço das forças e grupos economicamente hegemônicos da sociedade.

Defendem que a própria oferta é capaz de criar demanda a ela (o que deixa os especuladores livres para investirem onde bem entenderem, pouco se preocupando com as reais necessidades de investimento de um país) e o que considero hoje (à beira de uma recessão) crucial para entender alguns dos motivos dessa crise é o fato de esta linha de pensamento econômico ignorar que a economia financeira (mercado de ações/bolsas de valores) interfere na economia real nossa do dia-a-dia.

Se tudo isso que pregam os neoclássicos fosse verdade não estaríamos vivendo numa crise e à beira de uma recessão mundial. O mundo seria perfeito, às mil maravilhas...

Felizmente para uns e infelizmente para outros o mundo e as coisas não são bem assim.

A corrente oposta à Neoclássica é o que podemos chamar de Estruturalismo, que tem entre suas vertentes principais o Keynesianismo (aquele que o único capaz de resgatar o mundo da crise de 29 e a grande depressão subseqüente).

Em linhas mestras essa corrente defende a tendência de crises do capitalismo, ou seja, as crises cíclicas e como única maneira de conter ou amenizar os efeitos dessa tendência o intervencionismo Estatal nas economias. Essa tendência à crise é algo impossível de se negar, pois se formos estudar a história do capitalismo, esta se confundirá com a história das crises do capitalismo, o que automaticamente já prova a teoria de crises cíclicas.

Outro ponto defendido pelo estruturalismo Keynesiano é o da contaminação da economia real pela economia financeira. Isso se vê facilmente no dia-a-dia. Exemplificando: basta a cotação do petróleo subir na bolsa de valores (de forma especulativa) que automaticamente temos o aumento no preço dos seus derivados na economia real. A especulação da economia financeira tem reflexos claros na economia real nossa do dia-a-dia.

O Estruturalismo Keynesiano também defende que a oferta não cria demanda e sim o contrário e o fato de se acreditar na possibilidade neoclássica leva a descompensamentos produtivos, onde não se investe na produção das reais necessidades de um país, o que acarreta a inflação de produtos essenciais.

Agora por que somente é dado voz à visão neoclássica da economia por parte da nossa imprensa e por que os economistas trabalham com essa visão em detrimento da visão estruturalista que é mais sensata?

Fácil entender.

Para uma pessoa que vive da especulação financeira seria praticamente suicídio trabalhar com a possibilidade de estar à beira de uma crise a cada momento. O mercado ficaria sempre em pânico e a especulação não alçaria vôos tão altos como alça atualmente. Então essas pessoas preferem fazer de conta que nada disso existe ou é verdadeiro para poder conseguir ganhos rápidos e fáceis e, se porventura estourar uma crise (o que é normal que aconteça), os Estados e governos é que devem ser responsabilizados, não eles os verdadeiros agentes e causadores da crise.

Já o fato de a imprensa só dar voz a essa visão ocorre por ter ela estreitas ligações com toda essa economia financeira e principalmente para, não veiculando essa outra visão da realidade, fazer a sua parte de tentar manter as coisas como estão, ajudando assim os seus parceiros do mercado financeiro que são também os seus patrocinadores. Ou seja: uma mão lava a outra.

Quanto à crise em si: O mundo não vai acabar!

Essa crise só é mais uma das crises cíclicas do capitalismo, só que em proporções maiores pela “perspicácia” dos nossos especuladores financeiros e sua avidez por lucros, que fizeram dos mercados financeiros verdadeiros cassinos, ignorando as conseqüências disto para a economia mundial.

(*) Visite o blog de Thiago Santos Silva clicando aqui.

Nenhum comentário: