Não espero para ver como os outros se posicionam quando há acontecimentos do tipo das agressões brutais de Israel à população civil palestina. Emito minha opinião, pelo que ela possa valer, de bate-pronto.
O que conta, para mim, são sempre os princípios.
Como combatente da resistência à ditadura, aos 18 anos de idade eu já acreditava que guerras se travam entre os nelas engajados, não devendo estender-se aos civis. É uma covardia e uma infâmia atingir (ou criar situações que levem a ser atingidos) crianças, mulheres, velhos e outros cidadãos alheios ao conflito.
Então, sem ser nenhum anti-sionista furibundo (até porque reconheço a extraordinária contribuição de grandes judeus aos movimentos libertários dos séculos passados e ao humanismo através dos tempos), não tive nenhuma dúvida de que ocorria uma carnificina na faixa de Gaza e de que eu deveria repudiá-la da forma mais veemente.
Hoje, com satisfação, constato que minha avaliação estava correta. Editorial, noticiário e espaços opinativos da edição de 30/12 da Folha de S. Paulo vêm ao encontro do que afirmei desde o primeiro momento.
E, como o verdadeiro jornalismo anda em baixa, vale a pena reproduzir os trechos mais marcantes desses textos exemplares:
"Merecem repúdio os ataques do grupo extremista palestino Hamas contra o território israelense. Mas a brutal reação de Israel, que abusou do legítimo direito de defesa e provocou uma crise humanitária na faixa de Gaza, tampouco pode deixar de ser condenada.
"...Não se esperava (...) um contra-ataque tão maciço das forças israelenses, surpresa que está assentada em motivações não apenas militares, mas também políticas.
"...A ofensiva contra o Hamas, em Gaza, soa como uma cartada da coalizão governista para evitar a vitória de Binyamin Netanyahu na eleição do novo gabinete, em fevereiro. O ex-premiê de direita radical, crítico do que chama de tolerância excessiva com grupos palestinos hostis a Israel, lidera as pesquisas de opinião.
"A inclinação do eleitorado israelense para a direita também parece uma reação à política anunciada para o Oriente Médio por Barack Obama. O presidente eleito dos EUA promete uma diplomacia abrangente e não descarta negociar com o Irã, considerado em Israel a maior ameaça estratégica ao Estado judaico.
"A plataforma linha-dura que emerge dessa confluência de fatores contém armadilhas conhecidas. Por mais que o Exército de Israel imponha danos importantes aos extremistas, os bombardeios dificilmente vão tirar do Hamas o controle político de Gaza...
"Se optar pela invasão terrestre, o governo israelense vai incorrer no mesmo risco da operação realizada no Líbano. O Exército de Israel poderá até ocupar os prédios do governo e capturar lideranças do Hamas, mas isso não vai aniquilar o extremismo naquela estreita faixa litorânea.
"De vício parecido padece o bloqueio econômico e à circulação imposto pelos israelenses contra 1,5 milhão de palestinos que vivem na empobrecida região de Gaza. Trata-se de uma medida desumana, que só faz aumentar o ressentimento contra Israel.
"Sem uma solução política que dê autonomia de fato e viabilidade econômica para um Estado palestino no Oriente Médio, o substrato que favorece as espirais de hostilidades permanecerá intacto. O importante agora, contudo, é obter um cessar-fogo imediato entre Hamas e Israel." (editorial "Cessar-fogo imediato")
"No terceiro dia consecutivo de bombardeios israelenses, além de terem de contornar a escassez de medicamentos, energia elétrica, gás de cozinha, combustíveis e alimentos, os habitantes da faixa de Gaza evidenciavam temor de ir aos templos muçulmanos da região.
"'Os hospitais e as mesquitas eram os lugares mais seguros. Mas, hoje [ontem], notei que as pessoas estão preocupadas e com medo de ir às mesquitas para fazer suas orações, porque os israelenses as atingiram na ofensiva", disse Hazem Balousha, que reporta para o jornal britânico 'Guardian', de Gaza.
"Ele relatou ao menos cinco templos bombardeados na região. Uma das mesquitas atingidas é próxima do hospital Shifa, o principal de Gaza." (notícia "Ofensiva não poupa nem mesquitas de Gaza")
"Não se trata de desprezar os riscos que Israel corre, seja pelo terrorismo praticado pelos fundamentalistas, seja pelos ataques com foguetes disparados desde Gaza. Mas adotar punição coletiva é intolerável, além de ineficaz. Acaba apenas jogando mais jovens no desespero que é, em parte, a estufa em que se incubam terroristas.
"Não adianta também tentar asfixiar o Hamas, que governa Gaza e é uma das raríssimas administrações no mundo árabe nascida de eleições que a comunidade internacional aceitou como justa e livre. A menos que se acredite que o Hamas ganhou porque todos os palestinos de Gaza são terroristas. Quem acredita nessa hipótese vai acabar propondo a 'solução final' para o gueto de Gaza." (Clovis Rossi, colunista)
"O que ocorre na Faixa de Gaza é extermínio de civis. Deliberado, como demonstram os bombardeios a acampamentos de refugiados, colunas de fugitivos e tantos outros alvos. Esse extermínio tem nome técnico e jurídico: é genocídio. Pelas leis internacionais, é crime de guerra e crime contra a humanidade." (Jânio de Freitas, colunista)
=== SOBRE O MESMO ASSUNTO, VER TAMBÉM http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2008/12/carnificina-foi-o-presente-de-israel.html
O que conta, para mim, são sempre os princípios.
Como combatente da resistência à ditadura, aos 18 anos de idade eu já acreditava que guerras se travam entre os nelas engajados, não devendo estender-se aos civis. É uma covardia e uma infâmia atingir (ou criar situações que levem a ser atingidos) crianças, mulheres, velhos e outros cidadãos alheios ao conflito.
Então, sem ser nenhum anti-sionista furibundo (até porque reconheço a extraordinária contribuição de grandes judeus aos movimentos libertários dos séculos passados e ao humanismo através dos tempos), não tive nenhuma dúvida de que ocorria uma carnificina na faixa de Gaza e de que eu deveria repudiá-la da forma mais veemente.
Hoje, com satisfação, constato que minha avaliação estava correta. Editorial, noticiário e espaços opinativos da edição de 30/12 da Folha de S. Paulo vêm ao encontro do que afirmei desde o primeiro momento.
E, como o verdadeiro jornalismo anda em baixa, vale a pena reproduzir os trechos mais marcantes desses textos exemplares:
"Merecem repúdio os ataques do grupo extremista palestino Hamas contra o território israelense. Mas a brutal reação de Israel, que abusou do legítimo direito de defesa e provocou uma crise humanitária na faixa de Gaza, tampouco pode deixar de ser condenada.
"...Não se esperava (...) um contra-ataque tão maciço das forças israelenses, surpresa que está assentada em motivações não apenas militares, mas também políticas.
"...A ofensiva contra o Hamas, em Gaza, soa como uma cartada da coalizão governista para evitar a vitória de Binyamin Netanyahu na eleição do novo gabinete, em fevereiro. O ex-premiê de direita radical, crítico do que chama de tolerância excessiva com grupos palestinos hostis a Israel, lidera as pesquisas de opinião.
"A inclinação do eleitorado israelense para a direita também parece uma reação à política anunciada para o Oriente Médio por Barack Obama. O presidente eleito dos EUA promete uma diplomacia abrangente e não descarta negociar com o Irã, considerado em Israel a maior ameaça estratégica ao Estado judaico.
"A plataforma linha-dura que emerge dessa confluência de fatores contém armadilhas conhecidas. Por mais que o Exército de Israel imponha danos importantes aos extremistas, os bombardeios dificilmente vão tirar do Hamas o controle político de Gaza...
"Se optar pela invasão terrestre, o governo israelense vai incorrer no mesmo risco da operação realizada no Líbano. O Exército de Israel poderá até ocupar os prédios do governo e capturar lideranças do Hamas, mas isso não vai aniquilar o extremismo naquela estreita faixa litorânea.
"De vício parecido padece o bloqueio econômico e à circulação imposto pelos israelenses contra 1,5 milhão de palestinos que vivem na empobrecida região de Gaza. Trata-se de uma medida desumana, que só faz aumentar o ressentimento contra Israel.
"Sem uma solução política que dê autonomia de fato e viabilidade econômica para um Estado palestino no Oriente Médio, o substrato que favorece as espirais de hostilidades permanecerá intacto. O importante agora, contudo, é obter um cessar-fogo imediato entre Hamas e Israel." (editorial "Cessar-fogo imediato")
"No terceiro dia consecutivo de bombardeios israelenses, além de terem de contornar a escassez de medicamentos, energia elétrica, gás de cozinha, combustíveis e alimentos, os habitantes da faixa de Gaza evidenciavam temor de ir aos templos muçulmanos da região.
"'Os hospitais e as mesquitas eram os lugares mais seguros. Mas, hoje [ontem], notei que as pessoas estão preocupadas e com medo de ir às mesquitas para fazer suas orações, porque os israelenses as atingiram na ofensiva", disse Hazem Balousha, que reporta para o jornal britânico 'Guardian', de Gaza.
"Ele relatou ao menos cinco templos bombardeados na região. Uma das mesquitas atingidas é próxima do hospital Shifa, o principal de Gaza." (notícia "Ofensiva não poupa nem mesquitas de Gaza")
"Não se trata de desprezar os riscos que Israel corre, seja pelo terrorismo praticado pelos fundamentalistas, seja pelos ataques com foguetes disparados desde Gaza. Mas adotar punição coletiva é intolerável, além de ineficaz. Acaba apenas jogando mais jovens no desespero que é, em parte, a estufa em que se incubam terroristas.
"Não adianta também tentar asfixiar o Hamas, que governa Gaza e é uma das raríssimas administrações no mundo árabe nascida de eleições que a comunidade internacional aceitou como justa e livre. A menos que se acredite que o Hamas ganhou porque todos os palestinos de Gaza são terroristas. Quem acredita nessa hipótese vai acabar propondo a 'solução final' para o gueto de Gaza." (Clovis Rossi, colunista)
"O que ocorre na Faixa de Gaza é extermínio de civis. Deliberado, como demonstram os bombardeios a acampamentos de refugiados, colunas de fugitivos e tantos outros alvos. Esse extermínio tem nome técnico e jurídico: é genocídio. Pelas leis internacionais, é crime de guerra e crime contra a humanidade." (Jânio de Freitas, colunista)
=== SOBRE O MESMO ASSUNTO, VER TAMBÉM http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2008/12/carnificina-foi-o-presente-de-israel.html
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